MARIA BRANDÃO - Uma mulher riocontense
Alguns riocontenses perguntarão: Quem foi Maria Brandão? Apesar de não tê-la conhecido pois quando nasci ela já morava em Salvador há muito tempo, lembro-me sempre de ouvir falar dela como exemplo de força e coragem. Conheci sua filha: Dezinha, que faleceu recentemente em nossa cidade onde morava na antiga, porém famosa, "Pensão Brandão".
Tive também um amigo soteropolitano que, ao saber que eu morava em Rio de Contas, quis vir conhecer a terra de Maria Brandão. Perguntei sobre seu interesse e ele relatou que, na época da ditadura, seu pai, um intelectual que lutava contra o sistema, foi preso e sua família só sobreviveu pela ajuda que recebeu de Maria Brandão, que levava, inclusive alimentos para seu sustento, bem como de outras famílias que passavam pelo mesmo problema.
Para termos mais informações sobre esta ilustre riocontense, busquei informações na internet que publico aqui, embora haja algumas incorreções - como dizer que Rio de Contas é uma cidade mineira, com certeza por desconhecimento dos autores sobre a localização e importância da nossa cidade. Perdoemos! Eles não sabiam o que faziam (rsrsrsrs!) O que importa é que eles reconheceram e tornaram público sua admiração por esta valorosa riocontense.
Mineira, nascida a 22 de julho de 1900, em
Rio das Contas, Maria
Brandão dos Reis, segundo os autores, “foi um exemplo de mulher negra envolvida
na política”. Impressionou-lhe a passagem da Coluna Prestes, avivando o amor
pelo Partido Comunista Brasileiro.
Idealista, mudou-se para Salvador como
destacada liderança. Abrira uma pensão na Baixa dos Sapateiros, (daí o seu
deslocamento pela Rua dos Perdões) onde, além de alimentar e hospedar
estudantes, caprichava na instrução política destes “filhos adotivos”,
ampliando-os para as questões sociais. Piedosa, ajudava aos necessitados. Em
1947, entrara em ação concreta, quando os moradores do Corta Braço foram
ameaçados de perderem as suas casas. Ela os ajudou, organizando-os em uma
vigília e vibrante passeata de protesto. Como devotada da paz, engajara na
campanha do partido em 1950, encarregando-se da fundação de diversos conselhos
em vários municípios. Por sua atitude determinante e incansável, recebeu a
indicação de “Campeã da Paz”.
O lado dramático desta história registra-se
em um desapontamento imperdoável. Segundo os autores, a premiação pelo seu
feito e sua convicção pacificadora, deveria ser realizada em Moscou, onde D.
Maria Brandão receberia pessoalmente e merecidamente, o reconhecimento pelo seu
idealismo, mas por decisão do partido, ela fora substituída por uma “jovem
intelectual”. Esta, nem se quer recusara, colaborando com esta desconsideração
a uma “senhora negra” de jovens ideias e comprovadas lutas. Mas este fato não
passara impune, pois manifestará veementemente a sua revolta frente às
lideranças comunistas, registrando para a história desta agremiação política um
capitulo menos digno.
Veio o golpe militar de 1964, D. Maria
mobiliza-se para escapar da prisão, refugiando-se. De volta à Bahia, em 1965,
fora alcançada pela polícia e submetida a interrogatório sobre o seu
envolvimento com as ideias comunistas. O inquérito não evoluiu, talvez por
reconhecê-la com um verdadeiro agente da paz e, que apenas, por sua
generosidade, queria um povo feliz, bem alimentado e instruído, conforme
demonstram as suas ações naquela pensão, para isso escolhera a política. D.
Maria Brandão dos Reis, encerrara a sua atividade em nosso mundo em 1965,
aguardando o nosso reconhecimento com o seu nome, quem sabe, nomeando uma das
nossas ruas ou na fachada de uma escola.
Jaime Sodré - Professor
universitário, mestre em História da Arte, doutorando em História Social
Site Jeito Baiano
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